Japurá abraça a acerola e faz da fruta fonte de emprego e renda

Comércio da fruta movimentou R$ 7,5 milhões em Japurá em 2020. Foto: Gilson Abreu/AEN

2005 foi o ano da virada para os Zani. Eles decidiram largar o barracão de frango e abraçar de vez a acerola, cultura que começava a ganhar espaço na pequena Japurá, cidade de 9.573 habitantes, no Noroeste do Paraná. “Marcamos o gol da nossa vida”, diz, escancarando o sorriso, Márcia dos Santos Zani.

A transição, explica ela, se deu em razão da impossibilidade de expansão da avicultura, o antigo ganha-pão, asfixiada pelos limites da pequena propriedade e pelo crescimento da área urbana de Japurá, cinturão cada vez mais próximo da porteira do sítio da família. “Abraçamos a acerola”, conta.

A história de vida dos Zani é comum em Japurá. E, a cada ano, ganha mais personagens, o que garante à cidade o status informal de capital paranaense da acerola. Atualmente, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), 80 produtores se dedicam à pequena fruta avermelhada no município. Em 2020 produziram 1.900 toneladas – ou 51,6% das 3.681 toneladas produzidas pelo Paraná. Comércio que movimentou R$ 7,5 milhões.

“Estudei, pesquisei e achei que o mais viável era plantar acerola. Tem 15 anos que mexo com isso e não me arrependo”, afirma Iracema Dias Rodrigues, dona de 600 pés da fruta e de uma produção que, nos anos bons, bate na casa das 50 toneladas.

Durante a colheita, o trator dos Zani não para na garagem. São dezenas de indas e vindas diárias puxando a carreta carregada de acerola. “Chamamos umas 13 pessoas para ajudar. Quem planta acerola sabe que não pode ficar um dia sem colher”, revela Mauro Aparecido Zani, cuja produção chega a 120 toneladas/ano.

INDÚSTRIA –A opção de Japurá pela acerola ganha respaldo na indústria da transformação. São três complexos especializados na produção e comercialização da polpa instalados no município. Ou seja, mais de 90% da colheita dos agricultores familiares têm destino certo. “Há semanas que produzimos entre 7 e 8 mil quilos. Não fossem esses grandes compradores, não conseguimos dar vazão para tanta fruta”, diz Mauro.

Uma ação visa implantar uma megacooperativa na região da Amenorte, abraçando todas as potencialidades dos municípios vizinhos à Cianorte. “Ganharemos escala e capacidade de comercialização. Vai melhorar para quem planta acerola e carregar junto os demais produtos da região”, diz o chefe do Escritório Regional da Seab em Cianorte, Francisco Cascardo Neto.

AEN