Produção de poncã é a marca de Cerro Azul

Plantação de poncã em Cerro Azul-Pr Foto Gilson Abreu/AEN

A geografia e o clima do Vale do Ribeira, com um horizonte cheio de morros e a amplitude térmica que intercala o calor do dia com o friozinho da noite, trouxeram um sabor único e marcante à poncã de Cerro Azul. Tanto que a fruta se tornou uma das grandes marcas do município, maior produtor nacional do cítrico, responsável por 10% das tangerinas – ou mimosas para os curitibanos – produzidas no País. As várias plantações, com árvores cheias de frutos amarelos, dão, inclusive, um charme a mais à bela paisagem da cidade.

A vocação do Vale do Ribeira para a citricultura, de Cerro Azul em especial, foi identificada muito cedo, ainda na época do Império, e atravessou gerações. No início, a predominância era da laranja, mas já faz cerca de 50 anos que a poncã ganhou as graças no cultivo. A rusticidade da planta, que não exige um manejo muito refinado ou o uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas, pesou bastante nesse processo.

O clima e a geografia do Vale deram o toque final, resultando em sabor e qualidade únicos. Aquele velho conhecimento popular, que diz que a tangerina fica mais doce depois de uma geada, se aplica bem em Cerro Azul. A diferença na temperatura em um mesmo dia “estressa” a planta, que em resposta acaba produzindo mais frutose, o açúcar das frutas.

“A poncã de Cerro Azul é diferenciada, tem mais suco, uma coloração mais marcante e, por causa do clima e da altitude, é mais doce do que as produzidas em outros locais”, garante o prefeito Patrik Magari. “Estamos inclusive em processo para obtenção da Indicação Geográfica, que determina que certo tipo de produto é encontrado somente naquele local. Nossa intenção é conseguir esse reconhecimento em até dois anos”, diz.

NÚMEROS – Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, 80% da tangerina paranaense é colhida no Vale do Ribeira. O Estado é o segundo maior produtor do cítrico no Brasil, atrás apenas de São Paulo. As frutas são comercializadas principalmente na região de Curitiba, mas destinadas também a outras regiões do Paraná e a estados vizinhos como Santa Catarina.

A área plantada em Cerro Azul chegou a 3.280 hectares em 2019, quase a metade do cultivado no Estado, com 7.210 hectares plantados, conforme os dados mais atualizados do Deral. O município respondeu por 43% da produção, com uma colheita de 50.740 toneladas – no Paraná, foram colhidas 118.037 toneladas. O Valor Bruto da Produção (VBP) da tangerina em Cerro Azul foi de R$ 55,9 milhões. No Estado, o VBP foi de R$ 129,8 milhões.

Além de Cerro Azul, o município vizinho de Doutor Ulysses, também no Vale do Ribeira, se destaca no cultivo de tangerina. Doutor Ulysses colheu 32.450 toneladas em 2019, com VBP de R$ 35,7 milhões. A cultura está presente, ainda, em Rio Branco do Sul, Paranavaí, Itaperuçu, Londrina, Ângulo, Francisco Beltrão, Campo Largo, Castro, entre outros.

AEN